Permaneci imóvel, mãos nos bolsos do casaco, admirando o esmalte estranho, cor de chicletes de tutti-frutti, menos nas unhas do meio, que eram brancas. Os polegares digitavam com habilidade o teclado virtual do celular.
Quando percebeu minha presença levantou os olhos e após um instante sorriu e quis saber se podia ajudar.
Não, infelizmente não havia um yodle azul. Algum outro produto ?
Decepcionado, deixei meus olhos percorrerem as prateleiras até me fixar em um objeto alaranjado.
Me aproximei um pouco, o bastante para observa-lo melhor mas, sem deixar a entender que teria me interessado em alguma coisa. Não estava para conversa. A precaução foi desnecessária. A moça já tinha retornado ao chat interrompido.
Era a sexta ou sétima loja, o quarto shopping. Não sabia mais aonde ir.
Tentei apressar o passo pelos corredores cheios driblando a multidão que se arrastava sem compromissos, devagar, quase parando.
Meu Deus ! Eu precisava daquele yodle. Tinha lido tanto a respeito, me recomendaram tanto.
Ele mudava a vida das pessoas. Fazia desaparecer o medo e o desamor. Iluminava a alma e os sonhos.
Algo como o primeiro amor ou o advento dos netos.
Desisti do metrô, percorri o longo trajeto da passarela até o outro lado da avenida e me joguei num táxi. Saltei alguns quarteirões antes de casa e caminhei até a padaria, lembrei-me que DN tinha me encarregado de providenciar o lanche da tarde.
Quando entrei em casa, já a encontrei lendo na sala, de volta de uma visita a uma amiga.
Deve ter me notado abatido. Rodeou a conversa.
Você esta bem ? Demorou. Saiu sem o celular. Olha, trouxe uma coisa pra casa. Ganhei de uma pessoa que conheci. Venha ver.
Fui ver.DN tem o dom de me deixar feliz.
Vai que era um yodle azul. DN é cheia de surpresas.
Que lindo!
ResponderExcluirAhhhhhhhh! Morri de tão lindo!
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