terça-feira, 14 de outubro de 2014

Madrugada sem lua

Noite sem lua, de muitas estrelas, friozinho de usar agasalho,
O sono não vinha, foi se sentar na varanda do racho de pescaria.
Buscou a poltrona, velha de três reformas, que não tinha passado pela porta da sala.
Gostava de ficar sentado de frente para o Rio Verde, ouvindo a água correr e vendo o contorno do cafezal subindo pela encosta na outra margem.
Se sentiu feliz, ali no silêncio da noite.
Tinha criado os filhos, amava a mulher, não tinha inimigos e construíra o rancho.
A vida era generosa com ele.
Só o sono não vinha.
Viu o rádio no beiral da janela e ligou o aparelho só para movimentar o braço.
O som veio baixinho mas limpo, sem estática.
A canção antiga lhe trouxe as melhores lembranças.
Levantou-se para buscar um uísque.
O sono ia vir.
Ao cruzar a porta viu a mulher vindo a seu encontro.
Escutando rádio. Tá sem sono ? 
Que saudade desta música...
Desistiu do uísque.
Foi beijar na boca.
O sono não veio.
Ia esperar o sol nascer.


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