Mais que sentir saudades da juventude, se assustou com a velhice.
Fugindo do súbito frio dos muitos invernos embrulhou-se nos versos de Longfellow e quase se envergonhou de fraquejar.
Caminhou de volta ao centro da arena e prestou tributo à graça da vida.
Os que vão morrer te saúdam !
Morituri Salutamos - Henry Wadsworth Longfellow
[ Tradução em prosa de Cunha e Silva Filho ]
......É tarde demais!
Ah, nunca é tarde demais até que o coração cansado cesse de palpitar.
Catão aprendeu grego aos oitenta;
Sófocles escreveu ‘Édipo’, sua obra-prima, e Simônides teve versos premiados por seus confrades, quando já passavam disso,
e Teofrasto, já aos noventa, começou seu ‘Caracteres dos Homens’.
Chaucer, com os rouxinóis de Woodstock, compôs aos sessenta os ‘Contos da Cantuária’;
Goethe em Weimar, com sacrifício, concluiu o ‘Fausto’ já depois de octogenário.
São, certamente, exceções;
porém mostram até quão longe pode fluir a corrente quente da juventude em direção às regiões árticas de nossas vidas, onde pouco mais sobrevive senão o próprio viver (...).
Mas seja o que for que o poeta, orador ou sábio possa dizer dela,
a velhice é sempre a velhice:
é a lua minguante, não a crescente;
a claridade do crepúsculo, não o clarão do meio-dia;
não é força, e sim fraqueza;
não é o desejo, mas o fim dele;
não é o calor terrível do fogo que consome,
mas o das cinzas e brasas entre as quais se mantêm algumas fagulhas vivas, bastantes para aquecer, mas não para queimar.
Fazer o quê, então?
Sentar-se, apaticamente, e dizer que a noite chegou, e dia não há mais?
A noite não chegou ainda, e o simples cair da tarde não nos libera do trabalho.
Algo resta em nós para fazer ou ousar.
Mesmo a árvore mais velha pode dar algum fruto (...).
A velhice pode ser oportunidade não menor que a própria juventude,
ainda que com outra roupagem.
E é quando vai anoitecendo que o céu se enche de estrelas, que de dia não dava para ver.
........Its too late ! Ah, nothing is too late
Till the tired heart shall cease to palpitate.
Cato learned Greek at eighty; Sophocles
Wrote his grand Oedipus, and Simonides
Bore off the prize of verse from his compeers,
When each had numbered more than fourscore years,
And Theophrastus, at fourscore and ten,
Had but begun his "Characters of Men."
Chaucer, at Woodstock with the nightingales,
At sixty wrote the Canterbury Tales;
Goethe at Weimar, toiling to the last,
Completed Faust when eighty years were past.
These are indeed exceptions; but they show
How far the gulf-stream of our youth may flow
Into the arctic regions of our lives,
Where little else than life itself survives.
As the barometer foretells the storm
While still the skies are clear, the weather warm
So something in us, as old age draws near,
Betrays the pressure of the atmosphere.
The nimble mercury, ere we are aware,
Descends the elastic ladder of the air;
The telltale blood in artery and vein
Sinks from its higher levels in the brain;
Whatever poet, orator, or sage
May say of it, old age is still old age.
It is the waning, not the crescent moon;
The dusk of evening, not the blaze of noon;
It is not strength, but weakness; not desire,
But its surcease; not the fierce heat of fire,
The burning and consuming element,
But that of ashes and of embers spent,
In which some living sparks we still discern,
Enough to warm, but not enough to burn.
What then? Shall we sit idly down and say
The night hath come; it is no longer day?
The night hath not yet come; we are not quite
Cut off from labor by the failing light;
Something remains for us to do or dare;
Even the oldest tree some fruit may bear;
Not Oedipus Coloneus, or Greek Ode,
Or tales of pilgrims that one morning rode
Out of the gateway of the Tabard Inn,
But other something, would we but begin;
For age is opportunity no less
Than youth itself, though in another dress,
And as the evening twilight fades away
The sky is filled with stars, invisible by day.
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